Em novembro, artesãos e coletividades da aldeia Marinhas do Sal, começam a esculpir os seus presépios com o sal recolhido a partir de uma mina de água salgada que corre a grande profundidade e, a partir do dia 25, milhares de pessoas passarão pela aldeia, para até 7 de janeiro apreciarem os detalhes e texturas dessas raras e distintivas criações natalícias.
Cerca de 30 presépios de várias dimensões, todos criados com sal, em diferentes estilos estéticos, mas sempre com peças imaculadas, ricas em detalhes e bem distintas das mais tradicionais cenas de Natividade.
A exposição com essas criações fica patente ao público até 7 de janeiro na localidade de Marinhas do Sal, que está classificada como “Aldeia de Portugal”, e integra um programa mais vasto de iniciativas associadas à quadra natalícia, como música, animação infantil e cenários recriando cenas do imaginário natalício.
Para a Associação do Turismo de Aldeia (ATA), que detém a marca “Aldeias de Portugal” e gere o sistema de certificação apostado em valorizar os territórios mais genuínos da ruralidade nacional, estes presépios são “uma referência entre as manifestações natalícias mais originais do país”, sobretudo tendo em conta que a matéria-prima utilizada nessas criações não é retirada do mar, que se encontra a 30 quilómetros das salinas, mas sim originária de uma mina de sal-gema no subsolo da localidade. “É uma proveniência que muitas pessoas desconhecem ser possível para o sal e, só por isso, os presépios revestem-se logo de um grande interesse e curiosidade”, defende Teresa Pouzada, presidente da ATA.
Na produção dos presépios de sal são habitualmente aplicadas cerca de 30 toneladas desse produto, que, por ter origem no subsolo, assegura às Salinas de Rio Maior o estatuto de únicas ainda em atividade na Europa a explorar uma jazida de sal-gema – que é a designação do sal de origem subterrânea, fossilizado, em forma de rocha.
Inseridas no Parque Natural da Serra de Aires e Candeeiros, estas salinas estão classificadas como Imóvel de Interesse Público e, a partir de um poço, abastecem 70 esgoteiros que distribuem a água salgada por 400 talhos, onde ela repousa até que, por efeito da evaporação, o sal possa ser recolhido para distribuição comercial. Ocupando quase 22.000 metros quadrados, essas estruturas dispõem-se por uma grelha de linhas irregulares que, em torno de superfícies alvas e brilhantes, é, também ela, uma visão estética marcante.
Casinhas de madeira com lojas e bares
A paisagem que envolve Marinhas do Sal é constituída por árvores e campos agrícolas, mas no centro da aldeia também são particularmente fotogénicas as suas ruas percorridas a casinhas de madeira, a maioria das quais transformadas em bares e lojas de artesanato e produtos típicos da região. Essas construções conferem ao local uma estética muito própria e rara no contexto nacional.
“São aspetos muito curiosos e diferentes, mesmo no panorama geral das nossas 130 aldeias classificadas”, diz Teresa Pouzada. “É por isso que, à primeira visita, não há quem não fique agradado e surpreendido com um local tão genuíno – e mais ainda no Natal, perante tantos presépios cheios de detalhe, num material nada convencional e com tanto significado histórico, já que os investigadores parecem concordar que estas salinas são exploradas pelo menos desde 1177 e já antes o sal-gema local era utilizado por romanos e outros povos”.
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